
A Folha da Paraíba entrevistou o estrategista político Cristovão Pinheiro, que já coordenou diversas campanhas eleitorais e presta consultoria para mandatos. Durante a conversa, ele analisou a recente queda na aprovação do presidente Lula e os fatores que contribuem para esse cenário.
Folha da Paraíba: Pesquisas recentes apontam uma queda na aprovação do presidente Lula. Muitos apontam falhas na comunicação do governo como uma das principais causas. O senhor concorda com essa avaliação?
Cristovão Pinheiro: Não, essa é uma leitura equivocada. O problema não é de marketing ou comunicação, mas sim político e econômico. A economia brasileira enfrenta desafios estruturais, como inflação e juros altos, que afetam diretamente a vida das pessoas. Programas sociais tentam mitigar esses impactos, mas ainda sem resultados expressivos.
Folha da Paraíba: Então, o senhor acredita que a crise de popularidade do governo é causada por questões mais profundas?
Cristovão Pinheiro: Exatamente. No campo político, Lula enfrenta dificuldades reais para aprovar medidas no Congresso, mesmo contando com uma base aliada ampla. Isso não ocorre por falta de estratégia comunicacional, mas porque há uma resistência clara de setores do legislativo e grupos econômicos a mudanças estruturais propostas pelo governo. Além disso, crises internas e escândalos minam a confiança na administração federal.
Folha da Paraíba: Mas a oposição tem conseguido mobilizar setores insatisfeitos. Isso não mostra que a comunicação desempenha um papel importante?
Cristovão Pinheiro: A oposição tem espaço porque há insatisfações reais na sociedade. A ideia de que a comunicação resolveria tudo ignora o fato de que as pessoas estão sentindo os efeitos concretos da economia e das dificuldades políticas. A narrativa da oposição não é apenas bem-feita, ela encontra terreno fértil porque há descontentamento legítimo.
Folha da Paraíba: Como essa situação pode impactar o futuro político de Lula e do PT?
Cristovão Pinheiro: Se o governo não enfrentar esses desafios políticos e econômicos com eficácia, a influência de Lula sobre candidatos aliados pode diminuir na sucessão presidencial de 2026. O cenário exige soluções concretas, não apenas ajustes na comunicação.
Folha da Paraíba: Obrigado pela entrevista, Cristovão.