
Na Paraíba, a cada eleição, assiste-se a uma verdadeira enxurrada de pesquisas eleitorais. Em teoria, deveriam servir para mapear tendências, dar transparência ao debate e orientar estratégias de campanha. Na prática, porém, muitas dessas sondagens são fabricadas sob medida para atender a conveniências políticas — especialmente nas disputas mais sensíveis, como governo do estado, Senado e cadeiras de deputados federais e estaduais.
É comum ver levantamentos publicados em momentos estratégicos, com metodologias questionáveis e números que favorecem determinados candidatos, criando um clima artificial de favoritismo. A intenção é clara: mudar a percepção do eleitor e influenciar o voto antes mesmo da campanha ganhar corpo nas ruas. No jogo político paraibano, a pesquisa muitas vezes deixa de ser diagnóstico para se tornar peça de marketing eleitoral, travestida de ciência.
Esse uso indevido compromete a credibilidade das instituições e fragiliza a democracia. Quando os resultados de muitas dessas pesquisas não se confirmam nas urnas, o eleitor sente-se manipulado, enquanto os candidatos de fato competitivos veem sua imagem ser atacada por números inflados ou distorcidos. Se não houver fiscalização rígida, auditoria independente e cobrança por transparência metodológica, a Paraíba continuará refém de pesquisas que servem menos ao interesse público e mais às conveniências de campanhas e partidos.
Folha da Paraíba, da redação