
Mais uma vez, moradores de João Pessoa enfrentaram um cenário previsível, porém inaceitável: a interrupção do fornecimento de água em 25 bairros da capital. A Cagepa justificou a medida como parte de manutenções programadas, mas a recorrência de suspensões levanta um debate maior sobre a eficiência e a modernização do sistema de abastecimento na Paraíba.
A dependência de cortes massivos para realizar ajustes técnicos mostra que a infraestrutura hídrica não acompanha o crescimento populacional e a demanda urbana. O que deveria ser pontual se tornou rotina, impondo transtornos a milhares de famílias, especialmente às mais vulneráveis, que não dispõem de reservatórios adequados para suportar longos períodos sem água. Trata-se de um problema estrutural, que não pode ser normalizado como simples “serviço de manutenção”.
A população tem direito a um serviço público de qualidade, contínuo e previsível. Sem investimentos consistentes em tecnologia, ampliação de reservatórios e alternativas de distribuição, a promessa de desenvolvimento urbano e qualidade de vida perde força. A crise não está apenas nos encanamentos, mas na forma como o poder público trata o acesso à água: como exceção, quando deveria ser regra.
Da Redação, Folha da Paraíba
Foto: Agência Brasil/EBC