Nesta terça-feira (12), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) deu início à oitava e última reunião do ano para definir a taxa básica de juros, a Selic. Na expectativa do mercado, o órgão deve reduzir a taxa dos atuais 12,25% ao ano para 11,75% ao ano, de acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal do BC com analistas de mercado.
Caso essa projeção se concretize, será o quarto corte desde agosto, quando o Copom interrompeu o ciclo de aperto monetário. Após sucessivas reduções no primeiro semestre, a inflação apresentou uma elevação na segunda metade do ano, conforme previsto por economistas.
Os membros do Copom já indicavam cortes de 0,5 ponto percentual nas reuniões do segundo semestre. No comunicado do último encontro, em novembro, o órgão destacou que a magnitude total do ciclo de flexibilização dependerá da evolução da dinâmica inflacionária.
Para o próximo ano, a expectativa dos analistas é que as reduções continuem, porém em menor medida, com a projeção de que a Selic encerre 2024 em 9,25% ao ano. As previsões para o final de 2025 e 2026 apontam uma Selic de 8,5% ao ano.
Inflação
A meta de inflação para 2023, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é de 3,25%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Isso estabelece um limite inferior de 1,75% e um superior de 4,75%.
No mês de novembro, o aumento nos preços dos alimentos teve um impacto significativo na inflação. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, alcançou 0,28%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse percentual foi superior ao registrado em setembro, que apresentou uma elevação de 0,24%.
A inflação acumulada no ano atingiu 4,04%, enquanto nos últimos 12 meses o índice ficou em 4,68%.
Na última ata, o Comitê de Política Monetária (Copom) avaliou a necessidade de manter uma política monetária contracionista para consolidar a convergência da inflação para a meta em 2024 e 2025, bem como a ancoragem das expectativas. As estimativas do mercado para a inflação são de 3,93% em 2024, e 3,5% para 2025 e 2026.
No período de março de 2021 a agosto de 2022, o Copom elevou a taxa básica de juros, a Selic, em 12 vezes consecutivas, iniciando um ciclo de aperto monetário em meio à alta dos preços de alimentos, energia e combustíveis. Após um ano, a taxa foi mantida em 13,75% ao ano por sete vezes consecutivas. Antes desse ciclo de alta, a Selic havia sido reduzida para 2% ao ano, o nível mais baixo da série histórica, como resposta à contração econômica gerada pela pandemia de COVID-19, sendo mantida nesse patamar de agosto de 2020 a março de 2021.
Taxa Selic
A taxa básica de juros, conhecida como Selic, desempenha um papel crucial nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve como referência para outras taxas da economia. Essa taxa é o principal instrumento utilizado pelo Banco Central para controlar a inflação. O BC atua diariamente no mercado, comprando e vendendo títulos públicos federais por meio de operações de mercado aberto, a fim de manter a taxa de juros próxima ao valor definido nas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom).
Quando o Copom decide elevar a Selic, o objetivo é conter a demanda aquecida, impactando os preços, uma vez que taxas de juros mais altas encarecem o crédito e incentivam a poupança. Contudo, além da Selic, os bancos levam em consideração outros fatores ao determinar as taxas de juros para os consumidores, como o risco de inadimplência, lucro e despesas administrativas. Dessa forma, taxas mais elevadas também podem dificultar a expansão da economia.
Por outro lado, ao reduzir a Selic, a tendência é que o crédito se torne mais acessível, estimulando a produção e o consumo, o que pode reduzir o controle sobre a inflação e impulsionar a atividade econômica.
No último Relatório de Inflação, o Banco Central elevou para 2,9% a projeção de crescimento para a economia em 2023, enquanto o mercado estima um crescimento de 2,92%, conforme indicado pelo boletim Focus.
No terceiro trimestre do ano, a economia brasileira cresceu 0,1% em relação ao segundo trimestre de 2023, superando as projeções. A alta acumulada no ano foi de 3,2%, posicionando o Produto Interno Bruto (PIB) novamente no maior patamar da série histórica, com um aumento de 7,2% em relação ao nível pré-pandemia registrado nos últimos três meses de 2019.
O Copom realiza reuniões a cada 45 dias, onde são apresentadas análises técnicas sobre a economia brasileira e mundial, comportamento do mercado financeiro, e membros do comitê, formado pela diretoria do BC, analisam e definem a Selic.