EGO E AUTOESTIMA : A AMBIGUIDADE DAS DEFINIÇÕES
Conheci a alguns tantos anos uma pessoa que era considerada por outros como alguém com o ego exageradamente elevado. Tal pressuposto de adjetivo por si só já soa negativamente, mas o advérbio a ele associado já potencializa a idéia ora apresentada. Vale salientar que, por conhecer o personagem do contexto, a minha opinião não o colocava na categoria dos demais, mas de alguém com uma autoestima bem acima do normal, cujo amor-próprio o situava nesta condição. Baseado nestes fatos e narrativas alheias, fiz minhas ponderações e cheguei a conclusões unicamente minhas e que resolvo aqui descrever.
O ego associa-se a egoísmo, e dessa forma acredita-se que a pessoa com tal característica tende a pensar unicamente em si mesmo e em detrimento dos seus semelhantes. Em qualquer que seja a situação, seria primeiro ele, segundo ele e terceiro ele. Depois os outros, o que já não seria de seu interesse. Uma pessoa com uma boa autoestima também não se preocupa com a opinião dos demais, mas não os subjuga. A autoestima remete a aceitação dele por ele mesmo. O egoísta precisa ser aceito pelo que faz e pra isso tende ao domínio da situação ou, no mínimo, a sugestionar as pessoas envolvidas na conjuntura a que se submete. Os valores morais a que nós somos apresentados ao longo da vida determinam durante esse processo de existência o quanto de desapego temos de nós mesmos e isso não ocorre aos seres com ego elevado.
Uma pessoa assim quer a todo custo se impor como alguém importante para os outros e isso não se aplica àqueles de autoestima diferenciada, que prefere ser importante, sim, mas pra ele mesmo. Dificilmente se percebe uma pessoa com essa característica em situações de solidão, o que não existe com os egoístas, pois embora se esforcem pra estar sempre rodeados de gente, na verdade estão bem longe da aceitação alheia com suas atitudes e pensamentos altruístas. Por não ter uma personalidade confiável, esses personagens exalam mais imagem do que caráter, distinção que está onipresente em indivíduos de boa índole e que indubitavelmente não são análogos aos de ego elevado.
Com o ego na estratosfera a alma de seus hospedeiros não alcança a felicidade como um todo, atraindo inveja, insatisfação constante, desprezo alheio, falta de confiança enrustida em soberba e outras inúmeras características desacreditáveis ao espírito. São pessoas que deixam discórdias em todos os caminhos que percorrem.
A autoestima leva à direção da autoavaliação. Pessoas assim conversam com sua consciência e eles cabem em qualquer ambiente. Os egoístas querem convencer até o seu inconsciente e, quando não obtém sucesso, as portas para as patologias da alma se abrem e seu iminente descenso torna-se visível em seu interior. Uma pessoa com boa autoestima não chega a esse ponto porque ele nunca renuncia a si mesmo.
Um ego elevado se acha. Uma autoestima elevada se aceita e, se este for o seu caso, não se preocupe se não simpatizarem com você, pois nos dias atuais a maioria das pessoas está se empenhando pra gostar delas mesmas.