
A decisão dos professores da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) de iniciar uma greve a partir de segunda-feira escancara a fragilidade estrutural do ensino superior público no estado. A paralisação não é apenas uma reivindicação corporativa, mas o reflexo de um sistema que insiste em sobreviver com orçamentos defasados, falta de valorização profissional e ausência de políticas duradouras para a educação. Mais uma vez, quem paga a conta é a comunidade acadêmica: alunos que veem seus cursos interrompidos e pesquisas comprometidas.
O movimento paredista não surge no vácuo. Ele é fruto de anos de negligência governamental e de promessas não cumpridas, que vão desde reajustes salariais até investimentos em infraestrutura. Em vez de ser tratada como prioridade estratégica, a UEPB e outras instituições estaduais têm sido relegadas a segundo plano, vistas como despesas a serem cortadas e não como pilares do desenvolvimento regional. Essa visão míope compromete não apenas a qualidade do ensino, mas também o futuro da Paraíba, que depende da formação de quadros qualificados e da produção científica local.
A greve da UEPB precisa ser entendida como alerta vermelho. Não se trata apenas da pauta dos professores, mas da urgência em redefinir a educação como política de Estado, blindada de disputas partidárias e ciclos eleitorais. Se o governo não enfrentar o problema com seriedade, negociando com responsabilidade e planejando investimentos, a cada ano veremos greves se repetirem como um ritual previsível de insatisfação. A crise da educação não é episódica — é crônica, e precisa ser tratada como prioridade máxima.
Da redação, Folha da Paraíba
Foto: Junot Lacet Filho/Jornal da Paraíba