
A declaração do deputado federal Hugo Motta de que o prefeito Cícero Lucena será “questionado” pelos eleitores sobre o eventual desembarque do PSB da base governista revela mais do que uma divergência política — expõe a crescente fragmentação dentro do campo aliado ao governador João Azevêdo. O recado de Hugo não é apenas retórico: traduz o desconforto de parte do Republicanos com o comportamento do prefeito de João Pessoa e antecipa o tom que pode dominar o cenário eleitoral de 2026.
Na prática, a fala de Hugo tem duplo objetivo. De um lado, busca marcar posição e preservar o espaço político do Republicanos diante de um PSB em crise interna. De outro, funciona como teste de fidelidade para Cícero, que tenta equilibrar apoio administrativo ao governo estadual com articulações locais voltadas à reeleição. A movimentação evidencia que a harmonia aparente entre as legendas está longe de ser consenso. Em tempos de reacomodação partidária, cada gesto público assume peso estratégico.
O eleitor, no fim, será o juiz desse tabuleiro. Caso o prefeito rompa com o grupo governista, enfrentará o desafio de provar que a ruptura não é mero cálculo eleitoral, mas decisão coerente com um projeto de cidade. Já o Republicanos tenta ocupar o espaço da coerência e da disciplina partidária — discurso que, se bem conduzido, pode render capital político. A mensagem de Hugo é clara: em 2026, o jogo não será apenas de alianças, mas de credibilidade. E essa, na política, é a moeda mais difícil de preservar.
Da Redação, Folha da Paraíba
Foto: divulgação/Hugo Motta




