
A decisão da Justiça da Paraíba que obriga a Prefeitura de Bayeux a criar políticas antidrogas e um plano social para áreas marcadas pela violência é um chamado à responsabilidade que há muito deveria ter partido do próprio poder público. Quando o Judiciário precisa intervir para forçar o Executivo municipal a cumprir o papel básico de cuidar da população mais vulnerável, fica exposta uma falha estrutural na gestão pública: a ausência de planejamento social e a incapacidade de formular políticas integradas de prevenção, segurança e inclusão.
Durante anos, Bayeux tem figurado entre os municípios mais violentos da região metropolitana de João Pessoa. O avanço do tráfico e o aumento da vulnerabilidade juvenil são consequências diretas da omissão do Estado em suas várias esferas. Repressão policial sem política social é como enxugar gelo. É preciso investir em programas de reabilitação, educação, cultura e emprego. A decisão judicial acerta ao determinar a criação de conselhos e programas permanentes, mas a eficácia dependerá menos da ordem e mais da execução — e da vontade política de transformar discursos em ações concretas.
Mais do que uma imposição judicial, trata-se de um alerta ético: nenhuma cidade se reconstrói à base da repressão ou do improviso. A Prefeitura de Bayeux tem agora a oportunidade de transformar uma obrigação judicial em um projeto de reconstrução social. Se agir com seriedade, poderá inaugurar um novo ciclo de cidadania e confiança pública. Se ignorar a decisão, repetirá o velho padrão de descaso que condena comunidades inteiras à violência e ao abandono. O tempo da omissão acabou.
Da Redação, Folha da Paraíba.
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