MENTES OCIOSAS
Havia na juventude uma preocupação despretensiosa de minha parte sobre como seria meu futuro profissional. Diferentemente de vários amigos contemporâneos da época, meus pais não disponibilizavam uma “mesada” para meu usufruto e dessa forma, ainda adolescente, busquei conseguir meu próprio recurso para custear as necessidades que meus hormônios ainda em desenvolvimento demandavam. Confesso que isso foi determinante na formação do meu caráter, uma vez que tive que iniciar meus esforços profissionais bem antes de outros de minha época. E ainda conciliá-los com os estudos universitários quem me foram apresentados já em meu primeiro vestibular, ainda aos 16 anos.
Essa narrativa, aliada ao meu gosto pela leitura e pela necessidade intrínseca de querer aprender algo novo todos os dias, me levou a ter uma mente extravagantemente curiosa e que jamais manteve-se inativa ao longo desses anos. É nesse ponto que quero chegar: a ociosidade mental.
Mentes ociosas tendem a ser ansiosas também. Talvez ainda não tenham descoberto a motivação para tirá-las do marasmo mental a que se autopropõem. E a ansiedade é crucial e prejudicial na vida de qualquer alma humana. É a porta de entrada para uma depressão, mal que atormenta o espírito e que a própria ciência admite como uma patologia ligada ao emocional.
Mentes ociosas tendem a ter uma autoestima bem abaixo da média. Nunca se olham no espelho e se sentem diminuídas ao menor sinal de desprezo alheio. Jamais emitem pensamentos positivos e são altamente suscetíveis à opinião venenosa daqueles que se deliciam com críticas aos próximos.
Mentes ociosas são preguiçosas no que se refere ao aprendizado. Com afinco exaltam as atividades físicas como sinônimo de longevidade corpórea em detrimento da busca emocional.
Algumas ocupações requerem uma dose exageradamente excitante de laboração cerebral, visto que demandam criatividade acima da média e nesse quesito incluo aquelas ligadas à arte, no qual me enquadro por também estar vinculado a muitos anos nessa aprazível profissão que a de músico..
Obviamente que ao longo da vida nos deparamos, de maneira até despercebida, com indivíduos desta categoria intelectual. Nada que os incluam no rol daqueles que não tenham capacidade de evoluir no que se refere ao intelecto, mas é perceptível que sua prioridade é não desejar essa condição à maioria dos humanos. Para estes, é preferível que outras mentes pensem e executem o que lhes poderia ser dado como tarefa. Não lhes soa agradável que eles próprios condicionem seus cérebros a esta missão, pois, como dito antes, são ociosos para tal fim.