
A denúncia apresentada pelo Ministério Público Eleitoral e pelo Gaeco/MPPB contra dez investigados na Operação Território Livre lança luz sobre uma ferida crônica da política paraibana: a persistência de esquemas que minam a legitimidade do processo eleitoral e corroem a confiança do cidadão nas instituições. A ação, que envolve acusações de corrupção, abuso de poder e uso indevido da máquina pública, é mais um capítulo em uma longa série de operações que revelam como o jogo político continua sendo disputado à base de favores, desvios e interesses particulares.
Embora as denúncias representem um avanço no enfrentamento à criminalidade eleitoral, o risco é que a operação seja lembrada mais pelo impacto midiático do que pelos resultados concretos. A Paraíba já acompanhou casos em que investigações de grande repercussão terminaram em absolvições, prescrições ou acordos políticos que esvaziaram as consequências. Sem celeridade e rigor no Judiciário, a “Território Livre” pode seguir o mesmo caminho, reforçando a sensação de impunidade que alimenta a reincidência desses crimes.
A mensagem que a sociedade espera não é apenas a de que corruptos estão sendo investigados, mas a de que serão efetivamente punidos. Para que a Operação Território Livre não se torne mais um espetáculo de ocasião, é preciso que o processo caminhe com transparência, robustez de provas e independência institucional. Só assim será possível transformar denúncias em condenações e dar ao eleitor a confiança de que seu voto não está refém de esquemas espúrios. O combate à corrupção precisa sair das manchetes e se consolidar como prática permanente da vida pública paraibana.
Da redação, Folha da Paraíba
Foto: MPPB