
O levantamento que aponta mais de R$ 270 mil gastos pela Prefeitura de São José de Piranhas com comunicação em 2025 lança dúvidas sobre as prioridades da administração municipal. Em um cenário em que a população ainda convive com carências em áreas básicas como saúde, educação e infraestrutura, a destinação de recursos tão elevados para publicidade institucional soa, no mínimo, desproporcional. A comunicação pública é importante, mas não pode ser usada como vitrine de autopromoção em detrimento das reais necessidades da comunidade.
Esse tipo de gasto expressivo revela uma tendência recorrente na política local: prefeitos e gestores tratarem a comunicação como ferramenta eleitoral disfarçada de prestação de contas. Informar a população é dever do poder público, mas há diferença clara entre transparência administrativa e propaganda política financiada pelo contribuinte. Quando os valores ultrapassam limites razoáveis, a fronteira entre serviço público e marketing pessoal se apaga perigosamente.
A questão não é apenas contábil, mas ética e política. O município precisa discutir se a comunicação institucional está de fato servindo ao cidadão ou se apenas reforça narrativas convenientes à gestão. Em tempos de restrição orçamentária, gastar centenas de milhares em publicidade soa como afronta às prioridades sociais. Se a Prefeitura quer reconquistar a confiança da população, deveria investir menos em slogans e mais em resultados concretos.
Da redação, Folha da Paraíba
Foto: Paraíba Criativa