
A inauguração da nova sede da Agência Reguladora da Paraíba (ARPB) no Centro Histórico de João Pessoa foi celebrada pelo governo como mais um marco de revitalização urbana. No entanto, o ato escancara um dilema recorrente: os projetos de requalificação se concentram em prédios públicos, com forte apelo simbólico, mas pouco avançam na vida prática da comunidade que vive e trabalha na região.
Reformar edifícios históricos para abrigar órgãos estaduais é importante, mas não resolve os problemas de abandono, insegurança e esvaziamento comercial que marcam o cotidiano do Centro Histórico. A cada inauguração, repete-se o discurso de resgate da memória e valorização cultural, enquanto moradores e comerciantes continuam enfrentando calçadas precárias, iluminação insuficiente e ausência de políticas consistentes de habitação e mobilidade.
O desafio não é apenas restaurar fachadas ou dar novos endereços a repartições públicas. A revitalização só terá legitimidade se for acompanhada de planejamento integrado, incentivo à moradia, atração de negócios e serviços que devolvam vida ao Centro. Caso contrário, as inaugurações se limitam a um gesto de marketing político: prédios bonitos para fotos oficiais, mas um centro urbano que segue distante da população.
Da Redação, Folha da Paraíba
Foto: Francisco França/ SECOM-GOV-PB