Diz-se que devemos aproveitar o intervalo da vida, já que nascemos sem pedir e morremos sem querer. Mas, o que seria esse intervalo? Penso que seria, espiritualmente imaginando, aprender o máximo possível com nossas ações materiais, e prioritariamente corrigir as errôneas dentro dessa própria existência.
As feridas, ao longo da vida, existirão à medida que nosso livre-arbítrio coloca em atrito nossas decisões e suas consequências.
Mas o termo “aproveitar o intervalo” ainda me incomoda. Não pela palavra intervalo em si, mas pelo termo aproveitar. Como seria esse proveito?
Àqueles acima de 50 anos, façamos uma retrospectiva, mas válida para qualquer faixa etária desde que se tenha consciência de que aquele é o momento certo. Para a criança, aproveitar seriam brincadeiras e travessuras; para o jovem ou adolescente, aproveitar seriam festas, baladas e coisas similares; para aqueles já na casa dos trinta seria o momento de afirmação profissional; os quarentões já se preocupam mais em consolidar e exibir este sucesso.
Poucos são os que aproveitam esse intervalo com dízimos espirituais. Para tantos outros um dízimo pecuniário já garante um lugar no céu. Ora, A eternidade existe e o próprio nome já diz isso. Serão nossos pensamentos e principalmente nossas atitudes que determinarão como será essa existência. Uma vez encontrado o nosso dom, e todos nós temos um já atado à nossa pré-formação uterina, seria uma virtude divina compartilhá-lo com nossos irmãos menos esclarecidos e desprovidos de recursos materiais.
Nos fartamos de ouvir oriundo de pessoas altivas que só vivemos uma vez e temos mais é que aproveitar, mas a meu ver essa não seria a propriedade adequada para o verbo em questão. Uma sapientíssima frase diz que somos seres espirituais vivendo uma experiência humana, embora as tentações da materialidade estejam aí pra nos colocar à prova os merecimentos de uma eternidade vindoura. O custo dessa conquista?
Bem, vai depender do que faremos neste intervalo que nos foi dado entre o nascer e o morrer.
