
O governo federal encaminhou ao Congresso a proposta da Lei Orçamentária de 2026 com previsão de salário mínimo fixado em R$ 1.631 — valor que representa um aumento nominal de 7,44% em relação ao piso de 2025, de R$ 1.518. O reajuste considera correção pela inflação e um ganho real, dentro da regra que limita o crescimento à inflação mais até 2,5% de acréscimo.
Embora a correção seja bem-vinda, ela ainda está muito aquém do que seria necessário para reverter perdas acumuladas e atender às necessidades reais dos trabalhadores mais vulneráveis. Muitos analistas alertam que esse valor dificilmente suportará as pressões do custo de vida — especialmente em regiões mais pobres, onde inflação de alimentos, energia e transporte pesa muito mais no orçamento. Se por um lado o governo preserva o compromisso de manter o equilíbrio fiscal, por outro demonstra que trata o piso nacional como uma dentre muitas variáveis negociáveis, e não como alicerce da dignidade social.
Além disso, o reajuste ganha contornos políticos: ao inserir o novo valor na proposta orçamentária, o Executivo busca reforçar a narrativa de valorização do trabalho e proteção social em ano de disputas eleitorais. No entanto, sem a articulação concomitante de políticas estruturais — reajuste de benefícios como aposentadorias, suporte real ao emprego formal, suplementação do Bolsa Família e atenção especial a estados com menor capacidade financeira — o mínimo proposto corre o risco de virar mais um número simbólico do que uma mudança concreta no poder de compra da população.
Da Redação, Folha da Paraíba
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil