OS ENCANTOS DE JUAREZ TAVORA
Existe um pedaço de terra nordestina que muito me encanta pelas peripécias que eu vivenciava em minhas andanças pr’aquelas bandas quando, saindo do modo pueril e já me aventurando na puberdade, apressava-me em compartilhar minhas férias estudantis com uma abundância de familiares da minha árvore genealógica tão enraizada por lá.
Por lá vivi situações em que eu jamais teria ideia se tivesse continuado a morar na “cidade maravilhosa” da qual sou nativo. Diga-se de passagem, eu teria mais orgulho se em minha certidão de nascimento constasse como local de nascimento a cidade de Juarez Távora tal como no de minha mãe paraibana, filha desta terra tão sentimentalmente atrativa outrora chamada Água Doce.
Mas os deslumbres já declamados deste pequenino fragmento de paraíso não residem nas suas virtudes geográficas, mas no seu povo humanamente encantador e caloroso como o clima dos trópicos nordestinos. Ali eu despercebidamente vi fugir de mim a inocência que ainda carregava em minha alma trazida lá de Nilópolis. Por lá desbravei pescarias em açudes de água barrenta em finais de tarde apenas pelo prazer da captura dos peixes, aventura já tão conhecida por mim, mas na beira-mar da Ilha do Governador, onde meu pai por inúmeras vezes me levou com tal intuito. Por lá desbravei montarias em cavalos e jumentos, o que me causava medo na época, uma vez que ainda não tinha a altura que hoje tenho e me causava desconforto subir no lombo do animal sem empreender esforço desproporcional à força a que eu era limitado naqueles tempos.
Tambem foi por lá que desbravei as primeiras festas juninas em casas e sitios de parentes e amigos. Tal festejo era completamente desconhecido pra mim, pois na minha terra natal isso era algo não inerente à cultura da região em que vim ao mundo.
No tocante aos laços familiares e por ter morado a mais de dois mil quilômetros de distância, jamais imaginei ter tantos consanguíneos sobre um mesmo solo. Eu, que já me sentia bem abastecido de tios e tias, me vi de repente efusivamente cercado de primos e primas, e cada um com suas caracteristicas peculiares, o que me atiçava a curiosidade sobre o que mais Juarez Távora poderia me apresentar.
Dentre tantos outros encantos que infinitamente teria a citar sobre esta pequena cidade encravada no agreste paraibano, é plausível dizer que doce ali não é apenas a água que outrora serviu de inspiração para denominar aquele bocado de terra, mas a atmosfera que circunda seus limites de dentro pra fora. É por essas e outras que afirmo com veemência coronariana, que Juarez Távora tem o metro quadrado mais valioso, no aspecto sentimental, que o Criador colocou na minha estrada da vida.