O Gabinete de Segurança Institucional (GSI) supervisiona Correia, e, de acordo com membros do governo, ele desempenhava um papel na segurança direta de Lula. Ele até participou de viagens recentes com o presidente, como a que ocorreu na Bélgica.
A descoberta de Correia no grupo de WhatsApp envolvido em atividades golpistas intensificou a disputa nos bastidores entre a Polícia Federal (PF) e o GSI em relação à confiança mútua.
Desde o ano anterior, a PF advoga pela responsabilidade da segurança presidencial estar sob sua alçada. Contudo, para evitar atritos com militares, Lula estabeleceu um modelo híbrido, com o GSI na liderança.
Nos bastidores, o GSI considera esse incidente com Correia como apenas mais um episódio dessa rivalidade. Integrantes do gabinete argumentam que o tenente-coronel não pode ser julgado por fazer parte do grupo sem saber se ele interagiu ou participou ativamente das conversas.
Enquanto isso, investigadores da PF estão céticos quanto a mais um capítulo de suspeitas envolvendo o GSI, que já teve membros ligados aos eventos de 8 de janeiro.
Ademais, a revelação de que Mauro Cid estava no email de assistência da Presidência volta a ser um ponto de discussão. Na ocasião, o GSI anunciou que abriria uma investigação para esclarecer o caso, argumentando que não era responsabilidade do gabinete realizar essa limpeza em emails desse tipo. No entanto, até agora, o governo não elucidou de quem era a responsabilidade.
Dentro da PF, a análise é que o mero fato de um guarda responsável pela segurança do presidente fazer parte de um grupo voltado para golpe de Estado é grave e alarmante.
Ademais, os investigadores têm informações de que o coronel Correia buscou a ajuda de Cid para ser transferido da Bahia para Brasília — o que de fato ocorreu.
No GSI, fontes informam que não foi um pedido de auxílio, mas sim uma consulta sobre oportunidades em Brasília. Isso ocorreu em março deste ano, após os eventos golpistas de 8 de janeiro.
Correia foi designado para a segurança de Lula somente no final de março.
Quando contatado pelo blog, o ministro do GSI, general Marcos Antonio Amaro dos Santos, confirmou que Correia foi retirado da segurança presidencial e afirmou que se trata de uma exoneração, não de uma demissão. Ele também alegou não ter conhecimento de um relatório da PF indicando a participação de Correia em um grupo golpista.
Quando questionado sobre se estava ciente do relatório da PF que menciona a presença de Correia em um grupo golpista, o general afirmou desconhecer essa informação. Ele também afirmou que Cid não teria como ajudar Correia a ingressar no GSI.
“Não estou ciente. Não tinha [conhecimento do relatório da PF]. Acredito que não haveria ajuda para ele [Correia] ingressar aqui [GSI]. Quem decide quem ingressa aqui, com base nos critérios de seleção, é o comando do Exército. É o gabinete do comandante do Exército. A entrada no GSI não é por indicação pessoal”, disse ao Blog.
Amaro também compartilhou que o GSI está planejando uma reestruturação no órgão, com previsão de publicação já na próxima semana.