
O aparecimento de um condenado pela morte da defensora pública Fátima Lopes entre os investigados no esquema da chamada “Máfia dos Concursos” é um retrato sombrio do colapso ético e administrativo que ainda contamina partes do serviço público brasileiro. A reincidência de figuras marcadas por crimes graves em novas tramas de corrupção mostra como o sistema de controle estatal continua vulnerável, permissivo e incapaz de se proteger de dentro para fora.
Trata-se de um escândalo que transcende o crime em si: é a prova de que as instituições, mesmo após décadas de reformas e promessas de “rigor moral”, permanecem permeáveis a indivíduos que deveriam estar permanentemente afastados de qualquer espaço de poder. A presença desse condenado em uma rede de fraudes em concursos públicos revela uma falha dupla — jurídica e administrativa. De um lado, o sistema penal, que não impede a reincidência; de outro, o Estado, que não blinda suas próprias portas contra criminosos que tentam, repetidamente, infiltrar-se em suas estruturas.
Mais do que punir os envolvidos, é urgente rever os mecanismos de verificação de antecedentes e o controle sobre processos seletivos. O caso mostra que não basta fiscalizar editais ou monitorar provas — é preciso rastrear quem está por trás das engrenagens de manipulação e quem se beneficia da impunidade. Quando o Estado permite que assassinos e fraudadores disputem espaço com cidadãos honestos, ele deixa de ser guardião da lei e se torna cúmplice do descontrole.
Da redação, Folha da Paraíba
Foto: Daniel Peixoto/ G1