
O governo da Paraíba anunciou um reajuste de 20% para policiais e bombeiros militares, distribuído em parcelas ao longo de 2025. Embora a medida atenda a uma reivindicação antiga da categoria e represente um alívio imediato para profissionais que atuam na linha de frente da segurança pública, ela também levanta questões sobre prioridades orçamentárias e o impacto fiscal no Estado.
A concessão do aumento mostra força política do governo diante de uma categoria mobilizada e com alto poder de pressão. Porém, ao mesmo tempo em que a segurança pública recebe reajuste, outras áreas igualmente estratégicas — como saúde, educação e infraestrutura hídrica — continuam enfrentando carências estruturais. Sem planejamento orçamentário equilibrado e transparência nas fontes de custeio, o risco é que o reajuste se torne mais um compromisso político com efeito imediato, mas de difícil sustentação a médio prazo.
O ponto central do debate não é a legitimidade do reajuste, mas a ausência de um modelo de valorização funcional que contemple todas as áreas essenciais. Enquanto o governo celebra o acordo com as Forças de Segurança, professores, profissionais da saúde e servidores de base aguardam políticas equivalentes. A valorização de uma categoria não pode significar o esquecimento das demais — caso contrário, o discurso de justiça social se perde no caminho da conveniência política.
Da Redação, Folha da Paraíba
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil