Relação afetiva sem fio
Recentemente, em uma confraternização informal com amigos, perguntaram minha opinião sobre redes sociais e mais especificamente sobre relacionamentos amorosos. Respondi que não via problema nisso, desde que tal ferramenta não interferisse na relação.
Mas interferir como? Ora, quando a ligação afetiva passa a ser abstrata e isso ocorre, a meu ver, quando uma das partes tem mais necessidade da companhia da rede social do que da presença física de alguém.
Penso ser as redes sociais ferramentas de comunicação, mas existem pessoas que as confundem com utensílios de convívio permanente e as utilizam como instrumentos indispensáveis ao mundo real a ponto de abrir mão de um diálogo ao pé-do-ouvido ou olho-a-olho em troca das caixas de mensagens. É trocar a qualidade pela quantidade.
O excesso de rede social, a meu ver, pode ser potencialmente prejudicial em pessoas que não se reciclam e não têm a faculdade de querer se transformar (para melhor). Provavelmente estão destinadas ao fracasso, seja no trabalho, em casa e particularmente na vida amorosa, mesmo que insistam em colocar em uma vitrine um sorriso que interiormente não exista.
A vida é uma festa, mas não uma farra. Os prazeres se encontram nas afinidades, mas se completam nas diferenças. Em todas elas é necessário o contato físico inexistente em twitters, facebooks, instagrams, etc. Um relacionamento saudável é aquele que não tem uma senha pra limitar o quanto de sentimento se deve dispor ao parceiro. Fatalmente, ao término de uma relação, ficam as lamentações quanto ao tempo perdido.
Conclui dizendo que a maior rede sócio-afetiva do planeta é aquela composta por duas pessoas apenas. E dependendo da intensidade, é justamente ela que se sobrepõe a todos os demais contatos virtuais existentes. Prefiro indubitavelmente um abraço com perfume do que uma centena de curtidas inodoras.
PS: Fui quase unanimidade no debate decorrente.