
O veto do governador da Paraíba ao projeto de lei que concederia aos servidores públicos estaduais o direito a uma folga remunerada no dia do aniversário expõe o choque permanente entre o populismo legislativo e a responsabilidade fiscal. A proposta, embora revestida de aparente sensibilidade e valorização do servidor, é um exemplo clássico de como o Legislativo estadual muitas vezes se rende a gestos simbólicos de apelo popular, sem avaliar os impactos administrativos e financeiros que tais medidas trazem à máquina pública.
O argumento do governo, de que a medida geraria desequilíbrio nas rotinas dos órgãos e prejuízos ao funcionamento de serviços essenciais, é tecnicamente correto. A administração pública já enfrenta sérias dificuldades para manter a eficiência em meio à escassez de recursos, carência de pessoal e sobrecarga burocrática. Criar um novo benefício, ainda que simbólico, sem contrapartida de produtividade, seria empurrar o Estado para o campo do improviso. A boa gestão não se faz de agrados pontuais, mas de valorização real: salários justos, condições de trabalho e meritocracia.
O veto, portanto, não deve ser lido como ato de insensibilidade, mas como uma reafirmação de que o poder público precisa resistir ao populismo administrativo que corrói o orçamento e banaliza a noção de dever público. Reconhecer o servidor é fundamental, mas isso exige políticas estruturais, e não concessões simbólicas. Em um momento de restrições fiscais e demandas crescentes, o maior presente que o Estado pode oferecer é eficiência, estabilidade e respeito à função pública.
Da redação, Folha da Paraíba
Foto: Divulgação / SECOM